Agora chegou a vez, o povo cuidará
No campo e na cidade muita luz se irradiará
A mesa do almoço e até mesmo a do jantar
O pão nosso e a saúde não tardam, tudo chegará
A fome está aqui mas não carece perdurar
Abandone os teus medos, venha com o povo trabalhar
Silencie teus impulsos acolha a voz que é maior
O alimento aqui está, é o bem comum que te dará
Tua presença neste lugar é sua história que brotará
Olha o alto e o baixo, tudo agora se encontrará
A gente toda vai sentir, a semente já germinou
O planeta vai mudar, serás tu do povo que o libertará?
Sempre Ouvi Dizer
um lugar exógeno dentro de mim pra nunca ter que lembrar de todas as palavras que cabem numa só sentença: assim.
7 de abril de 2020
15 de abril de 2016
o homem
Do alto da Cuesta, apreciando o horizonte, o homem de pequenas pernas apertava os olhos para que os raios do sol nascente não lhe ofuscassem a bela vista, que até então só era vista pela visão. Lá abaixo devido a grande distância, as vivas árvores, as amplas pastagens e os incansáveis moinhos pareciam imóveis ao olhar do homem. Era uma foto. Até mesmo a brisa da aurora aparentava quieta como o sono de um recém nascido, combinando com o nascido dia. Acompanhando o giro da Terra o calor vagarosamente aquecia o homem, que estagnado de movimento se sentia paisagem. Sentia pedra.
Mas o homem pedra e paisagem mantinha mais do que os olhos abertos, mesmo semicerrados ele via, e vendo viu um movimento. E a foto deixou de sê-la. E o calor já incomodava o corpo coberto de roupas. E o homem enxergou o movimento.
Os dois cavalos corriam e brincavam no campo.
Cada patada no chão ainda úmido do orvalho ressoava por quilômetros. As crinas esvoaçavam dançando coreografadas pelo trotar, o pêlo curto e claro de suas ancas refletia o sol e agora eram as luzes quem bailavam. Os cavalos eram demasiadamente coesos. Suas estruturas sólidas tinham uma coerência exageradamente natural com cada porção de grama pisada, cada arbusto resvalado, cada galho partido.
O homem não conseguia mais distinguir um cavalo do outro, eram um só. Tampouco distinguia os cavalos do pasto, os cavalos no pasto das sombras das árvores, e o vento, e a água do capim, o muco do morro alto de onde ele via tudo.
O homem não mais compreendia a diferença entre ele e o cavalo. Eram um.
Não era mais apenas a visão que via. O homem via o fino balançar das copas, via a água escorrendo pelo vale drenada pela terra que parada também não estava, vibrava. Via as casas de janelas abertas, por elas a vida invadia, por elas a vida transbordava. Via as minhocas sovando o solo, os micróbios efervescentes na terra fértil, os insetos devorando as folhas verdes, outro homem rachando um tronco, outro homem ainda assando um bolo cheiroso que atraiam outros homens e muitas abelhas.
O homem mergulhado na vista e ensopado dela já não se continha. Num movimento tirou o casaco porque dele não mais precisava. E em pleno amanhecer do dia as pernas antes pequenas agora davam passos largos. Larguíssimos. Em um deles o homem desceu da Cuesta, já estava na planície.
E o homem que agora é cavalo, que agora é mato, verme, brisa e flor, caminha pelo campo. Movimenta-se, transmuta-se e se dissipa respirando sua nova existência.
Mas o homem pedra e paisagem mantinha mais do que os olhos abertos, mesmo semicerrados ele via, e vendo viu um movimento. E a foto deixou de sê-la. E o calor já incomodava o corpo coberto de roupas. E o homem enxergou o movimento.
Os dois cavalos corriam e brincavam no campo.
Cada patada no chão ainda úmido do orvalho ressoava por quilômetros. As crinas esvoaçavam dançando coreografadas pelo trotar, o pêlo curto e claro de suas ancas refletia o sol e agora eram as luzes quem bailavam. Os cavalos eram demasiadamente coesos. Suas estruturas sólidas tinham uma coerência exageradamente natural com cada porção de grama pisada, cada arbusto resvalado, cada galho partido.
O homem não conseguia mais distinguir um cavalo do outro, eram um só. Tampouco distinguia os cavalos do pasto, os cavalos no pasto das sombras das árvores, e o vento, e a água do capim, o muco do morro alto de onde ele via tudo.
O homem não mais compreendia a diferença entre ele e o cavalo. Eram um.
Não era mais apenas a visão que via. O homem via o fino balançar das copas, via a água escorrendo pelo vale drenada pela terra que parada também não estava, vibrava. Via as casas de janelas abertas, por elas a vida invadia, por elas a vida transbordava. Via as minhocas sovando o solo, os micróbios efervescentes na terra fértil, os insetos devorando as folhas verdes, outro homem rachando um tronco, outro homem ainda assando um bolo cheiroso que atraiam outros homens e muitas abelhas.
O homem mergulhado na vista e ensopado dela já não se continha. Num movimento tirou o casaco porque dele não mais precisava. E em pleno amanhecer do dia as pernas antes pequenas agora davam passos largos. Larguíssimos. Em um deles o homem desceu da Cuesta, já estava na planície.
E o homem que agora é cavalo, que agora é mato, verme, brisa e flor, caminha pelo campo. Movimenta-se, transmuta-se e se dissipa respirando sua nova existência.
11 de junho de 2014
tuas vidas
juntas a passar o tempo
levar, trazer marcas do sofrimento
uma rusga, um choro, logo um acalento
Quero ver todo plano desfeito
sorriso largo que se lança ao vento
de quem oferece por vezes
sob a ponta de lua e ao relento
olhinhos de olhar refeito
flores, pétalas desfeitas
de um par, vocês, perfeito.
levar, trazer marcas do sofrimento
uma rusga, um choro, logo um acalento
Quero ver todo plano desfeito
sorriso largo que se lança ao vento
de quem oferece por vezes
sob a ponta de lua e ao relento
olhinhos de olhar refeito
flores, pétalas desfeitas
de um par, vocês, perfeito.
4 de fevereiro de 2014
metáforas para o novo ano
Casa Casita, vontade de nela estar. Quero tocá-la:
Lixar farpas de seus alicerces, pintar de texturas que nos agrade a parede que nos sustenta. Plantar telhado verde-amarelo todo-espectro, que aceite e receba arcos, Íris e bençãos d'água. Quero a casa seja eu, seja tu e nós, casa eu-tu-elas.
Manter-la estrutura de nosso cotidiano, orgânica afeição que no dinamismo do que é vivo se refaz...
Afetividade-movimento como a mão em carícias por sobre cabelos e barba, pele púbis de ardente amor, forte batente que nos livre e liberte passagens por entre novos cômodos de nós mesmos, renovados interiores onde cresçam meninas, tempos e almas...
Lixar farpas de seus alicerces, pintar de texturas que nos agrade a parede que nos sustenta. Plantar telhado verde-amarelo todo-espectro, que aceite e receba arcos, Íris e bençãos d'água. Quero a casa seja eu, seja tu e nós, casa eu-tu-elas.
Manter-la estrutura de nosso cotidiano, orgânica afeição que no dinamismo do que é vivo se refaz...
Afetividade-movimento como a mão em carícias por sobre cabelos e barba, pele púbis de ardente amor, forte batente que nos livre e liberte passagens por entre novos cômodos de nós mesmos, renovados interiores onde cresçam meninas, tempos e almas...
17 de janeiro de 2014
Fragmentos
...E até os robôs, livres da desumanidade,
entoarão os cantos de liberdade,
farão das preces sua memória de futuro
romperão de suas placas e parafusos
a pulsação constante de um amor profundo
Mostrarão para o mundo
a possibilidade, ante os mais duros,
da lata fria tornar-se menos rude,
da alma fria renovar-se, amiúde.
Renovar-se, amiúde...
23 de maio de 2013
branco tempo liberto
Que sentimentos advém
quando permitimos, leve, suave,
o profundo desabrochar de uma
singela e sincera maturidade?
Não, os cabelos brancos não são
fios que nos conduzem ao fim.
Antes, são divinos sinais das oportunidades
de vislumbrar nossa grandeza interior:
como a plenitude que vive a borboleta
ao sentir liberto o colorido de suas asas.
quando permitimos, leve, suave,
o profundo desabrochar de uma
singela e sincera maturidade?
Não, os cabelos brancos não são
fios que nos conduzem ao fim.
Antes, são divinos sinais das oportunidades
de vislumbrar nossa grandeza interior:
como a plenitude que vive a borboleta
ao sentir liberto o colorido de suas asas.
16 de maio de 2013
montando na força que me comanda
Toda atitude impensada,
razão descontrolada de atos
são como áreas, inteiras,
desmatadas na floresta de nossos sonhos.
Impaciência, irritação: árvores tombadas
tristes quedas de íntimos recursos,
abatimento em nossa reserva natural.
Que a brandura do broto e a humildade da semente
possam inspirar a recuperação de nossa ventura -
plena floresta de humanidade.
razão descontrolada de atos
são como áreas, inteiras,
desmatadas na floresta de nossos sonhos.
Impaciência, irritação: árvores tombadas
tristes quedas de íntimos recursos,
abatimento em nossa reserva natural.
Que a brandura do broto e a humildade da semente
possam inspirar a recuperação de nossa ventura -
plena floresta de humanidade.
Assinar:
Postagens (Atom)