10 de agosto de 2009

Das flores que brotam do asfalto

Uma criança brotou hoje.
O mundo apressado, solto, rápido, corrente...
E uma criança brotou hoje
De sua barriga-botão saiu lindo, como toda força nascente

Uma criança respirou hoje
As calçadas fervilhantes sapatos sem parar,
E ele, ainda de pálpebras cerradas
Não vê a sujeira das ruas, mas sente.
Berra ainda a pleno e prematuro pulmão,
Mas tua inspiração já lhe acena
Que de tuas mãos haverão de nascer broto-sementes
De compreensão, de festa, da alegria forte do coração
Da dança, do sorriso, da paz que persevera, paciente

Uma criança brotou hoje
E se por acaso tocares nela,
Se por acaso tiveres esta alegria,
Se tu não receares, nem por um instante,
E tocares através de seu peito o coração
Inundaria-o a força fresca de uma esperança - Ah criança quente!
Quente como é quente, como é o alimento-sol da flor
Da flor-criança-botão que brotou hoje e que é,
Afinal de contas e acima de tudo... gente, humana gente!

Ao querido Joaquim, que nasceu de carreirinha nos números: às seis, dia sete, mês oito, ano nove.