30 de agosto de 2009

Lata velha

O espelho era de prata
- procurava a exata reflexão
A espada era de aço
- queria firme adesão
A mesa era de ferro
- apoiava-se sem descontração
O peito era de chumbo
- protegia-se da possível radiação
A caneta de ouro, o piso de mármore, o sapato de couro...

Mas perdido em si,
não observa
a grave distorção...
Não vê a curva da luz,
não sente o cheiro das rosas
nem a graça da diferença
Recrudesce na distância do ser.

E apesar de toda prata,
de todo ferro, aço
chumbo e ouro, da força
do mármore e do couro,
a natureza não o é.

A alma trancada
lata
O coração represo
pedra
O Amor de mentira
papel

Banha-se de medo,
Vestindo-se de guerra
E a vida passa, na
velocidade da carne
que estraga numa geladeira.