Eu sei que um dia devagarinho, eu partiria. Não caminho sozinho tampouco de mala vazia. Pras acontecências da vida no dia deixaria um pensamento taciturno, um sorriso e votos de alegria. A tristeza não desapareceria. Ainda assim devo saber que partiria...
Sempre partimos, nem sempre juntos. Caminharíamos rente ao muro com pensamentos fiéis, feito os cães malhados branco e preto escuro. Tão pouco compreenderia, mas quem saberia o rumo certo de se aprender sem receio do desconhecido, carregado e inteiro naquilo sabido?
Tinha tantos sonhos, daquela vez não sumiriam, hoje bem seguros no bornal:
- cultivo-os em crença fértil, terra que se recupera, ligeira, sedenta, saciada como quem rega na despeja d'água!
Nem todos os referendos me fariam desistir. Não é disso que se trata, também não é certeza exata, mais prum suspiro de ar
rarefeito de peso, abundante de entrega. Salientes calos na boca me fizeram pensar, calar.
"Dobre sua lingua seu moço, já é temporada... trate de arriar os anseios, botá fermento, pelejá. Ceis não sabe mais comé, talvez um dia... Será que nunca souberam? Nessas histórias, a vida é viajar, usar o corpo santo, santificar? A vida é volta, sem pestanejar. O sertanejo é viajeiro sem destino, nas trilhas vai tudo caminhar. Mesmo nos caminhos que nunca ouviu falar... ou que tanto ouviu, e nunca fez sinal de ir lá.. pastar..."
Jogo é fogo, queimar os lentes... Aach, desgraçou o grupo. Lei rechaçou.
Caminhante grande esse, sujeito e chão, sujeito e sua mão. Mão pra expiar, expurgar tudo de mal, que um dia quis acrescentar:
No coitado do coração...
"O ruim, o duro da vida? É da gente!"
um lugar exógeno dentro de mim pra nunca ter que lembrar de todas as palavras que cabem numa só sentença: assim.
22 de setembro de 2009
21 de setembro de 2009
Brasília, mais dias de agosto.
A vida inteira
passei me apurando
correndo todo apressado
punha o corpo onde não cabia
queria estar onde não havia
deixar a mente onde não devia
Agora que o dia se aclara
Eu, devagarinho,
vou descobrindo as intempéries do ser
A vida todinha
inventei de cobrar
cada centavinho
que pudesse tirar
A culpa caxia convidei como inquilina
Servindo-me de longe a comida fria
Vendo de Brasília
parece que as coisas estão mais claras
Céu aberto enxergo mais adiante
A Terra sempre é quem gira
e o Sol no poente
é miragem do nascente
E o Sol nascente
É a vista mais certa
de certo toda eterna
De nossas coisas vivas
que vivem pra sempre.
passei me apurando
correndo todo apressado
punha o corpo onde não cabia
queria estar onde não havia
deixar a mente onde não devia
Agora que o dia se aclara
Eu, devagarinho,
vou descobrindo as intempéries do ser
A vida todinha
inventei de cobrar
cada centavinho
que pudesse tirar
A culpa caxia convidei como inquilina
Servindo-me de longe a comida fria
Vendo de Brasília
parece que as coisas estão mais claras
Céu aberto enxergo mais adiante
A Terra sempre é quem gira
e o Sol no poente
é miragem do nascente
E o Sol nascente
É a vista mais certa
de certo toda eterna
De nossas coisas vivas
que vivem pra sempre.
19 de setembro de 2009
Brasília, três de agosto.
Sei que a dor do meu choro
ainda é, e sempre foi,
expressão de minhas identidades
e as essências que delas
surgem e se constroem
ao longo da existência.
Por isso esse choro é belo,
é triste, é inteiro e pela metade
é íntegro e descabido;
Sério e maltrapilho,
horrendo martírio,
Caloroso, emboscado e sublime.
Ele me carrega em tua emoção
e ao permiti-la, experimento o
gosto forte da transcendência.
ainda é, e sempre foi,
expressão de minhas identidades
e as essências que delas
surgem e se constroem
ao longo da existência.
Por isso esse choro é belo,
é triste, é inteiro e pela metade
é íntegro e descabido;
Sério e maltrapilho,
horrendo martírio,
Caloroso, emboscado e sublime.
Ele me carrega em tua emoção
e ao permiti-la, experimento o
gosto forte da transcendência.
8 de setembro de 2009
Digo, digo sim
"Cabeça de Mulata"
Di Cavalcanti
(livre versão)
Um dia escrevo sobre você
Tua pele negra nunca vista
Plena de leve suavidade
Tuas feições risonhas
Boca felicitando
A fronha do travesseiro
Enganam-me as aparências
Malícia ingênua...
Feitura de menina madura
E teu semblante
Recria-me o mental
Impressionante como a luz revela
Tua bondade abissal
E desfaz em mim
Qualquer fúria animal
Impressinante como ela
Destranca minhas almas
De todo cárcere privado
Por mim um dia recriado...
Mas hoje desfeito
Pela simplicidade meiga
Do ar que te envolve
Dessa luz gentil que te recobre
Ah, vida infinita
Permita que esse prazer
Mais vezes se repita
Diga, vida... diga sim!
Pois que um dia
Destes sem hora e sem fim
Eu ainda escreverei
Sobre esta que me aparece,
mimosa e bela querubim...
2 de setembro de 2009
Sem Título
Um ésse que seja
quero acrescentar
pra não escassear
a pluralidade
das altas certezas
Um erre vou riscar
pra fazer valer
a virtude de se escrever
que não carece letra
pra ver fundo os teus olhos,
sair e transcender
Nem um é vou esquecer
pra continuar viscejando
o fluxo de versos frases
ditas em leve afirmativa..é...
Acentuarei mesmo sem grifo
mesmo sem gramática
a leitura é fantástica
pois que faz som agudo
caracteriza teus sinais
craseia de surpresa
faz com que meus ouvidos se mexa
um trocadilho com ameixa
faz com que meu medo, trema.
Vou perdurar os verbos
carregá-los para sempre
basta que tu se comunique
sem qualquer diminutivo
expressões itinerantes
remetidas no infinitivo.
flexionarei o tempo todo
farei mistura o dia inteiro
preterirei o erro que se foi
presentificarei o que seria do futuro
Se perfeito não é o passado
Faremos perfeição do imperfeito
Desconjugaremos a ausência
autografaremos a viva e bela presença.
Redijo milhares de sentenças
atinjo pautas mais altas
inverto parágrafos inteiros
sujeito-me às tuas lições
Pra que minha ortografia
carregue na pena do dia
a expressão viva da alegria
quero acrescentar
pra não escassear
a pluralidade
das altas certezas
Um erre vou riscar
pra fazer valer
a virtude de se escrever
que não carece letra
pra ver fundo os teus olhos,
sair e transcender
Nem um é vou esquecer
pra continuar viscejando
o fluxo de versos frases
ditas em leve afirmativa..é...
Acentuarei mesmo sem grifo
mesmo sem gramática
a leitura é fantástica
pois que faz som agudo
caracteriza teus sinais
craseia de surpresa
faz com que meus ouvidos se mexa
um trocadilho com ameixa
faz com que meu medo, trema.
Vou perdurar os verbos
carregá-los para sempre
basta que tu se comunique
sem qualquer diminutivo
expressões itinerantes
remetidas no infinitivo.
flexionarei o tempo todo
farei mistura o dia inteiro
preterirei o erro que se foi
presentificarei o que seria do futuro
Se perfeito não é o passado
Faremos perfeição do imperfeito
Desconjugaremos a ausência
autografaremos a viva e bela presença.
Redijo milhares de sentenças
atinjo pautas mais altas
inverto parágrafos inteiros
sujeito-me às tuas lições
Pra que minha ortografia
carregue na pena do dia
a expressão viva da alegria
1 de setembro de 2009
Fragmentos
...E até os robôs, livres da desumanidade,
entoarão os cantos de liberdade,
farão das preces sua memória de futuro
romperão de suas placas e parafusos
a pulsação constante de um amor profundo
Mostrarão para o mundo
a possibilidade, ante os mais duros,
da lata fria tornar-se menos rude,
da alma fria renovar-se, amiúde.
Renovar-se, amiúde...
entoarão os cantos de liberdade,
farão das preces sua memória de futuro
romperão de suas placas e parafusos
a pulsação constante de um amor profundo
Mostrarão para o mundo
a possibilidade, ante os mais duros,
da lata fria tornar-se menos rude,
da alma fria renovar-se, amiúde.
Renovar-se, amiúde...
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